quinta-feira, janeiro 31, 2008

A paz é igual a uma grande roda humana, enquanto todos estiverem de mãos dadas, as armas estarão no chão.
Tiago Bicalho

60 anos do assassinato de Mahatma Gandhi.

Foi em 30 de janeiro de 1948 que um hindu radical reverenciou Gandhi, que estava no jardim de sua residência, em Nova Delhi. A forma aparentemente respeitosa foi pretexto para que ele sacasse um revólver e com 3 tiros acabasse a vida do líder indiano que sempre pregou a não-violência, mas que, ironicamente, foi vítima da violência.
O professor francês Jean-Marrie Muller, escreveu sobre Mahatma Gandhi no texto “Gandhi Pertence ao Nosso Futuro”:
“Gandhi ressaltava que a não-violência era tão velha quanto as montanhas. De fato, ele não “inventou” a não-violência. Essa se radica nas mais antigas tradições religiosas, espirituais, filosóficas e sapienciais que constituem o patrimônio universal da humanidade. Gandhi reivindicou explicitamente a herança dos grandes sábios que o precederam na busca da verdade. No entanto, seu aporte é essencial na compreensão da não-violência. Existe um antes e um pós-Gandhi na reflexão filosófica do princípio da não-violência que fundamenta a humanidade do homem, e na experimentação política dos métodos de ação não-violenta que permitem a resolução pacífica dos conflitos.”
E segue Jean-Marrie: “Para Gandhi, a não-violência não é apenas nem em primeira instância um método de ação, é uma atitude, isto é, um olhar, um olhar de bondade para com o outro homem, sobretudo em relação ao homem diferente, o desconhecido, o estrangeiro, o intruso, o inoportuno, o inimigo, um olhar também de compaixão para com o homem oprimido, aquele que sofre a injustiça, a humilhação, o ultraje. A não-violência é, segundo Gandhi, o próprio princípio da busca pela verdade. A história está aí para comprovar, hoje como ontem, que a verdade se torna um vetor de violência quando não ancorada na exigência de não-violência. Se a verdade não afirma a absoluta desumanidade da violência, então sempre haverá um momento em que a violência surgirá naturalmente como um meio legítimo para defender a verdade. Somente o reconhecimento da exigência de não-violência permite recusar de uma vez por todas a ilusão, veiculada por todas as ideologias, de recorrer à violência na defesa da verdade. ... Ele não aconselha escolher a violência para não ser covarde. Ele nos aconselha a escolher a não-violência para não sermos violentos nem covardes. ... “A violência”, afirmava Gandhi, “é um suicídio” Neste início de século XXI, não seria oportuno tomar consciência de que a violência é decididamente incapaz de trazer uma solução humana aos inevitáveis conflitos que constituem a trama de nossa existência e de nossa história, de compreender que a violência nunca é a solução, mas sempre o problema? As imagens de ferro, de fogo, de sangue e de morte que constituem a matéria-prima da atualidade nos trazem diariamente a prova de que a violência é incapaz de construir a história e consegue tão-somente destruí-la. Diante da tragédia da violência, ante sua desumanidade, frente a seu absurdo e ineficácia, não seria chegado o momento de, por realismo ou então por sabedoria, tomar consciência da evidência da não-violência?(*) Filósofo e escritor francês, Jean-Marie Muller é porta-voz nacional do Movimento para uma Alternativa Não-violenta (MAN), França. Tradução: Inês Polegato Jan/08
Fonte: Palas Athenas

Massacre da Motosserra. Mesmo diante do aquecimento global segue a devastação da Amazônia.

Marcelândia (MT), São Félix do Xingu (PA), Querência (MT), Nova Ubiratã (MT), Porto Velho (RO), Pimenta Bueno (RO), Juara (MT), São Félix do Araguaia (MT), Peixoto de Azevedo (MT), Nova Bandeirantes (MT), Santana do Araguaia (PA), Ulianópolis (PA), Lábrea (AM), Altamira (PA), Camaru do Norte (PA), Brasnorte (MT), Gaúcha do Norte (MT), Paranaíta (MT), Novo Progresso (PA), Vila Rica (MT),
Nova Maringá (MT), Porto dos Gaúchos (MT), Alta Floresta (MT), Confresa (MT), Nova Mármore (RO), Juína (MT), Cotriguaçu (MT), Dom Eliseu (PA), Colniza (MT), Santa Maria das Barreiras (PA), Aripuanã (MT), Machadinho D’Oeste (RO), Paragominas (PA), Novo Repartimento (PA), Rondon do Pará (PA) e Brasil Novo (PA):
estes são os 36 municípios que concentram o recorde de desmatamento registrado durante o segundo semestre de 2007 na Amazônia. Eles serão prioritários para ações de prevenção e controle do desmatamento, identificados a partir de monitoramento por satélite. A lista foi divulgada pelo Governo Federal no dia 24 de janeiro.
Todas as propriedades rurais destes municípios serão recadastradas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e aquelas onde for constatada derruba ilegal de florestas serão embargadas. Isto significa que não poderão vender produtos ou receber financiamentos. Quem comprar produtos dessas fazendas também poderá responder criminalmente. A divulgação da "lista suja" e o fortalecimento dos mecanismos de fiscalização são as apostas do governo pra combater o
aumento do desmatamento na Amazônia nos últimos cinco meses. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, os municípios citados são responsáveis historicamente por cerca de 50% do desmatamento total da Amazônia. “Estamos propondo uma ação integrada de governo para conseguir manter a governança na região e impedir o recrudescimento do desmatamento”, disse a ministra após reunião emergencial convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir ações de fortalecimento ao combate à derrubada da floresta. Participaram também os ministros Reinhold Stephanes, da Agricultura; Tarso Genro, da Justiça; Nelson Jobim, da Defesa; Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário; Sérgio Rezende, da Ciência e Tecnologia, e Dilma Roussef, da Casa Civil. O Ministério do Meio Ambiente destaca que esses dados são do Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), um levantamento mensal feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo o ministério, esse sistema detecta apenas os desmatamentos acima de 25 hectares. Outra ressalva é que, devido à presença de nuvens nas imagens do período, nem todos os desmatamentos com área superior a essa foram identificados. Os dados consolidados, com divulgação anual, são os do sistema Prodes, que conta com resolução superior.
Dados preliminares foram divulgados no dia 23 de janeiro pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam um desmatamento na região amazônica de 3.235 quilômetros quadrados entre agosto e dezembro de 2007, o equivalente a cerca de 320 mil campos de futebol.Os órgãos não falam em crescimento percentual pela indisponibilidade de informações completas do mesmo período de anos anteriores. Mas, segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o número representa uma tendência “preocupante” de aumento.“O governo não quer pagar para ver. Não vamos aguardar a sorte, e sim, trabalhar para fazer frente a esse processo”, disse a ministra.A maior parte dos desmatamentos detectados no período se concentrou em três estados: Mato Grosso (53,7% do total desmatado), Pará (17,8%) e Rondônia (16%).Entre as causas para o aumento, Marina citou a seca prolongada e uma possível influência do avanço da produção de soja e da pecuária nas regiões. Ela evitou responsabilizar diretamente as atividades econômicas, mas ao lembrar que a carne e a soja estão com preços internacionais favoráveis, afirmou: “ Não acredito em coincidência.”A ministra disse que será feita uma averiguação detalhada nos locais para um diagnóstico mais preciso: “Faremos um zoom para verificar”. As derrubadas ocorreram em maior intensidade nos meses de novembro e dezembro. Nesse período, foram desmatados 1.922 quilômetros quadrados de floresta.De acordo com o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, municípios como São Felix do Xingu e Cumaru do Norte, ambos no Pará, e Colniza, em Mato Grosso, tradicionalmente apresentam altos índices de desmatamento.
E alguns prefeitos dos municípios listados resolveram se manifestar. Adalberto Diamante, prefeito de Marcelândia, que foi apontada como a cidade que mais desmatou nos últimos cinco meses de 2007, diz que há um controle intenso da Secretaria Estadual de Meio Ambiente na região e que não houve desmatamento no ano passado. “Tivemos queimadas descontroladas no município, que estão aparecendo nas imagens de satélite como desmatamento”, afirma.
O prefeito diz que irá fazer um levantamento detalhado da situação do município, em parceria com organizações não-governamentais e institutos.
O prefeito de Querência, Fernando Goergen, que ficou em terceiro lugar na colocação, também contesta a informação do Inpe. “Devem ter confundido queimadas de pasto com desmatamentos”, afirma, lembrando que no ano passado houve um grande número de áreas queimadas na cidade. “É uma inverdade o que estão publicando”, diz o prefeito.
Segundo ele, tanto o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) quanto a Secretaria Estadual do Meio Ambiente fazem uma fiscalização bastante rigorosa em relação aos desmatamentos na região. “Qualquer ocorrência de desmatamento é imediatamente denunciada”, alega. O prefeito garante que no município, que tem a economia baseada na agricultura e pecuária, “o meio ambiente e a agricultura vivem em harmonia, desde que seja obedecida a legislação ambiental”.
A prefeita de Alta Floresta (MT), Maria Izaura Alfonso, também discorda da inclusão do município na lista dos mais desmatados. “Não sabemos de derrubadas no nosso município. Estamos nos sentindo injustiçados por esta medida”, afirma. A cidade ficou em 23º lugar no ranking das que mais desmataram ano passado.
Segundo ela, a prefeitura vai fazer uma reunião com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e com o governador do Mato Grosso para definir ações conjuntas. “Vamos fazer um levantamento, ver o que aconteceu. Não podemos ser penalizados dessa maneira, de jeito nenhum”, diz a prefeita.
A grande extensão territorial do município de Altamira (PA) – 159 mil quilômetros quadrados – e a falta de pessoal para combater os desmatamentos são apontadas pelo secretário municipal de gestão do Meio Ambiente e Turismo, Francisco Modesto da Silva, como as causas para que a cidade esteja em 14º lugar na lista das mais desmatadas.
“Temos uma dificuldade muito grande de acompanhar toda a dimensão do município, principalmente na questão do desmatamento”, argumenta o secretário, lembrando que a estrutura municipal é pequena para conter as derrubadas.
Nosso comentário: A questão do desmatamento no Brasil não é diferente dos demais problemas que o país enfrenta nas áreas da saúde, educação, segurança e geração de renda, por exemplo. As medidas não são eficazes. A burocracia, a corrupção, a displicência e os discursos vazios impedem a eficácia das medidas e que no máximo conseguem ser paliativas. Enquanto as punições não forem reais, ou seja, não pesarem no bolso e restringirem a liberdade dos criminosos, neste caso, criminosos ambientais, tudo vai, no mínimo continuar com está, já a tendência é piorar. O mesmo vale com relação ao trânsito e ao trato com o dinheiro e o patrimônio públicos. O remédio é: vergonha na cara e consciência planetária.
Em tempo:

No dia 30, o mesmo governou que alardeou a amplitude do demastamento, ao que parece, tentou minimizar a situação e o presidente Lula afirmou parece que a coisa não é tão grave assim e que pode ter havido precipitação na divulgação da informação. Nosso presidente afirmou que "É como se tivesse uma coceira e achasse que é uma doença mais grave".
Segundo comentário:
"Nunca na história desse país" se viu ou ouviu coisa assim, entre tantas outras.

Bom de cama é quem usa camisinha.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, lançou no domingo, dia 27, no Rio de Janeiro (RJ), a campanha de prevenção à aids para o carnaval 2008. O alvo principal da campanha é a população jovem, especialmente as mulheres, que tem como slogan é “Bom de cama é quem usa camisinha”. Este ano, a ação traz uma novidade: 100 mil tatuagens temporárias, com a inscrição “Tenho atitude. Uso camisinha”, que serão distribuídas no Rio de Janeiro, em Recife/Olinda e em Salvador. Nessas cidades, também serão distribuídas 100 mil bandanas, com a mesma frase.Para reforçar as ações de prevenção, o Ministério da Saúde distribuiu 19,5 milhões de preservativos para estados e municípios. As peças da campanha reforçam a estratégia da campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids de 2007, estimulando a mulher jovem a exigir o uso do preservativo em todas as suas relações sexuais. No site www.qualsuaatitude.com.br, há m jogo virtual com perguntas e respostas sobre doenças sexualmente transmissíveis e aids, conduzido por Negra Li. Pode até parecer piada ou brincadeira, mas quem erra a resposta, pode tirar as dúvidas em vídeos com o Doutor Pinto, quadro que tem como responsável o médico Valdir Pinto, do Programa Nacional de DST e Aids.As mulheres jovens foram escolhidas como público-alvo da campanha de carnaval porque a aids afeta mais o sexo feminino entre 13 e 19 anos: para cada 6 meninos com aids, há 10 meninas. Considerando todas as faixas etárias, para cada 15 homens com aids, há 10 mulheres.Além disso, de acordo com pesquisas de comportamento sexual do Ministério da Saúde, pessoas entre 15 e 24 anos têm mais parceiros eventuais do que indivíduos de outras faixas etárias. Dados do Ministério também indicam que 87% dos homens de 16 a 19 anos usam camisinha nas relações sexuais eventuais, mas só 42% das mulheres usam preservativo com nesse tipo de relação.Então não se esqueça Bom de cama é quem usa camisinha, e além do mais, a prevenção é o melhor remédio.

Estudo faz um retrato da violência no Brasil

Levantamento feito pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz possibilita a todos os municípios brasileiros conhecer um pouco mais sobre as mortes ocorridas por conta da violência, sejam por assassinatos ou no trânsito. O estudo aponta a tendência da interiorização da violência, mas ainda há municípios que podemos chamar de pacatos, onde não ocorreram homicídios nos últimos dois anos do estudo. Mas, por outro lado há outros nada pacatos, como Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, o município recordista em homicídios para cada 100 mil habitantes. O município sul-matogrossense é seguido por Colniza e Ithanguá, ambos no Mato Grosso; Serra, no Espírito Santo e Foz do Iguaçu, no Paraná.
Considerando a população total, o número de homicídios no Brasil cresceu 20% no período compreendido entre 1996 e 2006. Número acima do crescimento populacional que foi de 16,3% no mesmo espaço de tempo.
O estudo também aponta que os jovens são as maiores vítimas da violência e o crescimento dos casos de morte nesta faixa etária foi de mais de 30%.
O município de São Paulo é líder em número total de homicídios, em 2006, 2.546 pessoas foram vítimas de homicídio, no entanto, se considerado o número de assassinatos para cada 100 mil habitantes, São Paulo é uma das menos violentas. Na capital paulista ocorrem 23,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Bem abaixo de 106,8 registrado em Foz do Iguaçu. Aliás, a cidade paranaense lidera o ranking dos 100 municípios com maior taxa média de mortes entre a população jovem.
Quanto as mortes causadas por acidentes de trânsito observa-se um crescimento no número de vítimas motociclistas e de uma maneira geral os jovens. No entanto, os pedestres são os que mais morrem no trânsito.
Além de um volume com os 556 municípios mais violentos do país, também está disponível uma tabela contendo todos os municípios brasileiros com os respectivos números de homicídios e mortes por acidente de trânsito. Para conhecer o trabalho completo acesse o site da Rede de Informação Tecnológica Latino Americana, que é
www.ritla.net

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quarta-feira, janeiro 23, 2008

"Se você não está pronto para morrer por alguma coisa, você não está pronto para viver".
Martin Luther King Jr.

Ano Internacional do Planeta Terra:

As atividades do Ano Internacional do Planeta Terra serão intensificadas em 2008 e o Brasil liderará seu lançamento na América Latina.
Estes são os temas científicos prioritários para o Ano Internacional do Planeta Terra:
1. Água Subterrânea (prevenção para um mundo cada vez mais sequioso);
2. Desastres Naturais (mitigação e prevenção efetivas);
3. Terra e Saúde (geomedicina);
4. Clima (efeitos naturais e influência humana);
5. Recursos naturais e Energia;
6. Megacidades;
7. Núcleo e Crosta terrestres;
8. Oceanos;
9. Solos;
10. Terra e Vida
Já o Programa de Divulgação tem por objetivos:
a) disseminar na sociedade a grande e ampla importância das geociências para a vida humana e sua prosperidade;
b) estimular a atenção para as contribuições das geociências nos sistemas educacionais nacionais; e
c) incrementar o entendimento da importância social das geociências por parte dos governantes, políticos e formadores de opinião.

E o Brasil irá liderar o lançamento do Ano Internacional do Planeta Terra na América Latina, com data prevista entre 21 e 25 de abril. Já o lançamento mundial será no dia 12 de fevereiro, na sede da UNESCO, em Paris, na França.
Os países que vão participar dos eventos em comemoração ao Ano Internacional do Planeta Terra, e são 191, realizaram concurso público sobre o assunto escolhendo trabalhos de 350 estudantes entre 18 e 22 anos. São textos, edições de CDs, vídeos, poemas, músicas, pinturas e desenhos relacionados a dez temas que envolvem as Ciências da Terra.
Do Brasil, foram selecionados trabalhos de três estudantes: Igor Kestemberg Marino, estudante de Geofísica da Universidade Federal Fluminense (UFF), apresentou um vídeo sobre oceanos; Francisco Ferreira de Campos, do curso de Ciências da Terra na Unicamp, foi o segundo escolhido, com desenho sobre recursos subterrâneos, principalmente água; e Thamirez Nogueira Magalhães, também da UFF, foi vencedora com um desenho sobre mega-cidades.

Martin Luther King – 79 anos de seu nascimento e 40 anos de sua morte.

Em 15 de janeiro de 1929, em Atlanta, na Geórgia, Estados Unidos, nasceu um negro que iria mudar o rumo da história americana na luta contra o racismo e os direitos civis tendo como base a não-violência. Ele recebeu o nome de Martin Luther King Júnior. Ainda bem jovem, aos 18 anos, ele foi ordenado pastor da Igreja Batista. Em 1953 casou-se com Coretta Scott, com quem teve 4 filhos. Em seus estudos King conheceu os princípios da não-violência, pregados pelo indiano Mahatma Gandhi e fez dessa filosofia o principal meio para levar adiante sua luta por melhores condições de vida da população negra norte-americana e pelo fim do racismo nas 'Terras do Tio San',
Em 1955 ele liderou um boicote aos ônibus que circulavam em Montgomery. O movimento foi em protesto contra a prisão de Rosa Parks, que havia se recusado a dar seu lugar para uma passageira branca. O boicote durou pouco mais de um ano e neste período Luther King recebeu ameaças das mais diversas, inclusive com ataques contra sua casa.
O boicote foi encerrado quando a Suprema Corte Americana acabou com a segregação racial no transporte público.
Aos 30 anos de idade, King foi para a Índia, onde aprofundou seus conhecimentos sobre os princípios da não-violência adotados por Gandhi.
Em 28 de agosto de 1963, durante a Marcha para Washington, Martin Luther King fez um discurso que ficou o mais conhecido entre tantos outros. O discurso ficou conhecido como “I have a Dream”, ou seja, “Eu Tenho um Sonho”.
Acesse nosso podcast para ouvir um trecho do discurso, com áudio original e sua tradução.

Como o período das manifestações contra o racismo coincidiu com a Guerra do Vietnã, King resolveu se juntar as lideranças brancas contra a guerra. Sua decisão desagradou boa parte da população negra, que entendia que sua causa teria mais importância que as questões ligadas à guerra.
Em 1964 Luther King foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz. Quase quatro depois, em 04 de abril de 1968, em Menphis, quando se preparava para mais uma de suas manifestações, Martin Luther King Júnior foi assassinado por um homem branco que havia fugido da prisão.
De 1986 pra cá, os Estados Unidos referenciam o nascimento de King sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, mas somente a partir de 1993 é que a data passou a ser comemorada em todo o país.

Campanha contra a exploração sexual infantil no Carnaval será lançada em Fortaleza e será realizada em todo o país.

Fortaleza foi escolhida para o lançamento da Campanha Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual no Carnaval 2008.

A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), em parceria com o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescente e a Prefeitura de Fortaleza (CE), lança no próximo dia 26 em Fortaleza a campanha de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes no Carnaval 2008. A cidade foi escolhida após o resultado alcançado no ano passado, quando foi registrado um aumento de 480% no número de denúncias ao Disque 100 na cidade. A campanha, que terá o slogan “Sexo, só se for legal”, tem por objetivo reprimir a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes. O material de divulgação será composto por adesivos para carro, bandanas, camisetas, cartazes, fitinhas para amarrar no pulso e abanador. Companhias aéreas já manifestaram interesse em se unir ao trabalho e divulgar a campanha em seus vôos. A Polícia Rodoviária Federal também participará, atuando nas Rodovias Federais, onde serão distribuídos os materiais.Além de Fortaleza, o Governo Federal, sob a coordenação da SEDH/PR, em parceria com a sociedade civil e organismos e organizações internacionais, levará a campanha a outras sete cidades: Salvador (BA), Recife (PE), Manaus (AM), Corumbá (MS), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).
Ao tomar conhecimento de exploração sexual infantil ligue 100 de qualquer parte do Brasil.
Uma segunda campanha com o mesmo objetivo está sendo realizada em algumas capitais e tem apoio do governo norte-americano e de uma ONG.
“Explore sexualmente uma criança e vá para cadeia. Aqui ou em seu país.” A mensagem, em inglês, está em outdoors e panfletos que começaram a ser distribuídos ontem em hotéis e aeroportos de oito capitais - São Paulo, Rio, Recife, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Belém e Manaus. A campanha contra o turismo sexual infantil é financiada pelo governo dos Estados Unidos e pela organização não-governamental internacional Visão Mundial.Segundo a ONG, o objetivo principal da iniciativa é combater a sensação de impunidade dos envolvidos com exploração sexual. A entidade afirmou que um dos motivos que a fez trazer a campanha ao Brasil foi a estimativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) de que o País, as Filipinas e a Tailândia são responsáveis por 10% do turismo sexual no mundo. Na Tailândia, a campanha já é realizada há dois anos.A Visão Mundial usou como base do trabalho no Brasil uma pesquisa feita entre 1996 e 2004 pela Universidade de Brasília (UnB), que identificou 930 municípios onde existe comprovação de exploração sexual infantil - os casos não se limitam a turismo sexual, incluindo outras formas de abuso. Mas a especialista Fátima Leal, da Universidade de Brasília (UnB), disse que campanhas nacionais são pouco eficientes. Para ela, o ideal é o combate municipalizado, integrado a programas sociais.´Exploração sexual é um problema econômico. A presença de estrangeiros é mais um atrativo, mas o turismo sexual é também sustentado por brasileiros.´

Comentário: É o Carnaval está chegando. Não faça por onde nestes 5 dias de folia você tenha que responder e arcar com as conseqüências em todos os dias que lhes restam de vida, e principalmente que você não seja responsabilizado pelo sofrimento de outros pelo resto das vidas deles, especialmente se os outros forem crianças e adolescentes.

Álcool e volante: um perigo constante.

Todos os dias, estima-se que 150 mil brasileiros, homens e mulheres, após ingerirem de quatro a cinco doses de bebida alcoólica, dirigem. Esse é o resultado da pesquisa realizada no ano passado pelo Vigitel (Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico). Estatísticas como essa levaram o governo federal a editar, nesta segunda-feira (21/01), medida provisória que restringe a venda de bebidas alcoólicas em estradas.
O governo também vai encaminhar ao Congresso Nacional, em regime de urgência, projeto de lei que altera o conceito de bebida alcoólica para aquela que contiver 0,5 grau Gay Lussac ou mais de concentração para efeito de propaganda desses produtos. Com isso, entram na classificação as cervejas, os ices, os coolers, a champanhe e o vinho.
“Essas ações são resultado da política de redução de danos deste governo. O país não pode assistir de braços cruzados centenas de pessoas, especialmente os jovens, morrerem todos os dias pelo consumo abusivo de bebidas alcoólicas”, afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

A medida vale a partir de primeiro de fevereiro e o comerciante infrator estará sujeito ao pagamento de multa no valor de R$ 1.500,00.

Comentário: Mais que o comerciante, aquele que dirige alcoolizado é que deve se conscientizar de que está colacando sua vida em risco e a dos outros também. E é sobre este é que deve recair as penas mais severas (apesar da impunidade e da corrupção). E qual é a responsabilidade do fabricante? ( o setor de bebidas é um grande contribuinte aos cofres públicos ).
Beba para comemorar, mas com responsabilidade. Se beber, não dirija.

Recanto dos Amigos

No Recanto dos Amigos texto enviado por Sandra, que membro da Comunidade Chance à Paz no Orkut. O texto tem o título de Cinco Bolas e é de autoria de Brian Dyson.

CINCO BOLAS

Imaginem a vida como um jogo, no qual vocês fazem malabarismo com cinco bolas que lançam ao ar.

Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito.
O trabalho é uma bola de borracha. Se cair, bate no chão E pula para cima. Mas as quatro outras são de vidro. Se caírem no chão, quebrarão e ficarão permanentemente danificadas.
Entendam isso e busquem o equilíbrio na vida.
Como?
* Não diminuam seu próprio valor, comparando-se com outras pessoas. Somos todos diferentes. Cada um de nós é um ser especial.
* Não fixem seus objetivos com base no que os outros acham importante. Só vocês estão em condições de Escolher o que é melhor para vocês próprios.
* Dêem valor e respeitem as coisas mais queridas aos seus corações. Apeguem-se a elas Como a própria vida. Sem elas a vida carece de sentido.
* Não temam admitir que não são perfeitos.
Não temam Enfrentar riscos.
É correndo riscos que aprendemos a ser valentes.
* Não excluam o amor de suas vidas dizendo que não se pode encontrá-lo.
A melhor forma de receber amor é dá-lo. A forma mais rápida de ficar sem amor é apegar-se demasiado a si próprio. A melhor forma de manter o amor é dar-lhe asas.
* Não corram tanto pela vida a ponto de esquecerem onde estiveram e para onde vão.
* Não tenham medo de aprender. O conhecimento é leve. É um tesouro que se carrega facilmente.
* Não usem imprudentemente o tempo ou as palavras. Não se podem recuperar. A vida não é uma corrida, mas sim uma viagem que deve ser desfrutada a cada passo.

Lembrem-se: Ontem é historia. Amanhã é mistério e Hoje é uma dádiva. Por isso se chama presente*.
(Brian Dyson)

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sábado, janeiro 19, 2008

Enchente em Peruíbe - desabrigados contam com a solidariedade para reconstruirem suas vidas.
Peruíbe, no litoral sul de São Paulo, foi uma das cidades mais afetadas por fortes chuvas ocorridas no dia 13 de janeiro de 2007. Segundo informações do site da Rádio Cultura de Santos ( www.radiocultura.com.br ) a enchente deixou cerca de 1.200 desabrigados e causou prejuízos que somados chegam a 11 milhões de reais. Diversas campanhas estão sendo feitas em socorro as vítimas, principalmente pela população da Baixada Santista.
Os desabrigados necessitam, além de alimentos e produtos para limpeza e higiene pessoal, também de roupas, especialmente para bebês e crianças.
A prefeitura de Peruíbe disponibilizou três endereços para a entrega de doações, a saber:

São Paulo
Fundo Social de Solidariedade de São Paulo
Rua Ministro Godoy 180
Parque da Água Branca - Perdizes
Telefone: (11) 3874-6807

Santos
Posto de Arrecadação Fundo Social de Santos Estação da Cidadania
Av. Ana Costa, 340 - Gonzaga

Peruíbe
Centro de Convenções de Peruíbe
Av. São João, 545 – Centro
Telefones: (13) 3455-2232 e 199
Apesar de tais postos, pessoas e organizações fazem questão de se solidarizarem com os desabrigados de Peruíbe e realizam campanhas visando auxiliar as vítimas da enchente naquela cidade. Um exemplo é a campanha de arrecadação conjunta que está sendo realizada por grupos de jipeiros e motociclistas. Abaixo reproduzimos e-mail que nos foi enviado sobre a campanha:
"Ação conjunta entre Jipeiros e Motociclistas.
Para os desabrigados pelas chuvas em Peruíbe - SP

Os Jipeiros e Motociclista resolveram se unirem para arrecadarem alimentos, roupas em geral, roupas de cama, cestas básicas, colchões, cobertores, medicamentos, materiais de higiene pessoal, materiais de limpeza, etc. para os desabrigados em Peruíbe, por causa das fortes chuvas do ultimo dia 13/01/08.
Existem ainda aproximadamente 600 pessoas desabrigadas em Peruíbe, cidade do litoral sul paulista.
Os Jipeiros e Motociclista de várias regiões, estarão indo em comboio até a cidade litorânea no dia 26/01/08 para entrega de todos os itens arrecadados na campanha solidária.
A arrecadação dos mantimentos irá até o dia 25/01/08 e os interessados em ajudarem nessa ação conjunta podem entrar em contato com os endereços abaixo ou telefones:

Jeepeiros de Diadema =
jeepeirosdediadema@uol.com.br (011) 9601-0806
Guarulhos Off Roaders =
gbl.negocios@yahoo.com.br (011) 9812-0630
Jeep Clube Pirituba =
olaoswaldo@ig.com.br (011) 8354-3075
Jeep Clube Pirituba =
undertakeonoffroad@hotmail.com (011) 9107-1022
Rolo 4x4 =
rolo4x4@rolo4x4.com.br (011) 8615-5751
Jeep Clube de Jacareí =
sergionassif@jeepclubejacarei.com.br (012) 97267442
NCABC Off Road =
otavio@colshop.com.br Otávio (011) 6104-3677 (011) 9457-5538
Agora 4x4 Guarulhos =
nitrini@bol.com.br (011) 8152-0978
Pathfinder Club =
alberto.uberti@yahoo.com.br (011) 38151864 (011) 8926-5657
Moto Clube Nostravamos = André (011) 3425-1131
Moto Clube Maiados = Moacir (011) 9896-6234
Faraós Moto Clube = Renato (011) 6805-5743
Corações em Chama AA = Jaqueline (011) 9787-9318".
Se você quiser colaborar com os desabrigados de Peruíbe, entre em contato com qualquer um dos envolvidos na campanha.
Para ilustrarmos sobre a solidariedade reproduzimos abaixo texto que esteve no panfleto da Campanha Natal Sem Fome desenvolvida dentro do Projeto Fome Por Que? e realizada entre o Chance à Paz e a EM Helena Pupim Albanez, de Cândido Mota, durante o mês de novembro/2007.
SOLIDARIEDADE:

"Quem faz o próximo sofrer pratica o mal contra si mesmo. Quem ajuda aos outros ajuda a si mesmo"
Leon Tolstoi

“... A solidariedade nos diz: pertencemos a um conjunto, a um todo. Somos um corpo único, onde cada parte sustenta a outra. Essa consciência nos faz pertencer à coletividade. O que acontece a alguém, de alguma forma, acontece conosco ou se reflete na nossa vida. Daí surge o significado de solidariedade: sentimento que leva os seres humanos a se auxiliarem mutuamente, partilhando a dor com o outro ou se propondo a agir para atenuá-la.
A solidariedade nos distancia da angústia, do isolamento, e nos transporta para o aconchego do convívio: o chocolate quente compartilhado nas noites de inverno, o acalento da mãe ao choro da criança, o abraço amigo na perda de um ente querido. A solidariedade é a magia que nos faz pertencer a uma sociedade e não a uma multidão de vidas desagregadas. Queiramos ou não, temos os mesmos interesses, traçamos em conjunto a mesma história.
A solidariedade é, também, o alicerce que nos sustenta para enfrentar os conflitos que sempre fizeram parte da vida. Desacertos e sofrimentos estão presentes em todas as esferas: veja a terra árida após a queimada, os rios transbordando nas matas, a lava do vulcão petrificando os animais. A história da Terra, da humanidade, da nossa vida, é marcada por conflitos em diversas situações limites: doença, desemprego, desilusão amorosa, fracasso, morte e solidão. Cabe a cada um aprender a lidar com eles, apoiando e sendo apoiado por outros homens e mulheres.
É preocupante pensar que os meios de comunicação desviam nossa atenção da solução dos problemas sociais mais urgentes: as dificuldades para sustentar uma família, a educação das crianças, as filas nos hospitais. Redescobrir a solidariedade é perceber que não somos indivíduos sem vínculos. Fazemos parte da espécie humana. Somos amor, sonho, alegria. Dependemos de nossa comunidade.
Estamos ligados à nossa história e a nossos descendentes. Somos herdeiros e agentes de cultura. Somos cidadãos do planeta Terra.Temos pela frente o desafio de estar atentos a problemas mais essenciais de nosso tempo e de nossas vidas. É o momento de perguntar: estamos realmente envolvidos com os problemas sociais e ambientais? Lucro ou beleza eqüivalem a felicidade? Sou solidário com as pessoas, preocupado com a sociedade ou penso mais nos meus interesses pessoais? Estou disposto a ajudar pessoas de cor, nível social e religião diferentes?
Movidos pelo sonho de continuar ajudando, enquanto houver uma só pessoa necessitada, vamos nos lembrar de quatrosaberes importantes para deixarmos de ser SOLITÁRIOS e nos tornarmos SOLIDÁRIOS:
Alienação: Estamos nos acostumando com as injustiças e criamos uma espécie de apatia coletiva que nos impede de agir para viabilizar um mundo melhor. Toda ação é válida, não importa quão pequena ela seja.
Saúde Coletiva: Cada habitante da Terra desempenha seu papel na saúde do mundo. Não podemos dar as costas aos milhões que sofrem.
Riqueza e Pobreza: Os recursos do planeta seriam suficientes para preencher as necessidades de todos os habitantes, desde que distribuídos com justiça. Desperdiçamos toneladas de alimentos e milhões passam fome.
Poder Pessoal: Nossas atitudes podem ser transformadoras para o meio que nos cerca. Como uma alavanca que impulsiona um mecanismo, podemos gerar um poderoso movimento por meio de nossas atitudes. Seremos, então, co-protagonistas no palco de nossa história.”
(Texto extraído da cartilha Paz Como se Faz? Semeando cultura de paz nas escolas – Autoras: Lia Dinsk e Laura Gorresio Roizman – UNESCO – Palas Athena)
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sábado, janeiro 12, 2008

Aqui nós sempre procuramos demonstrar a responsabilidade de cada um de nós e das famílias em relação a violência e a paz. Nós somos os geradores de tais fatos.
Isso fica bem evidente no discurso em comemoração ao Dia Mundial da Paz, que coincide com o Dia de Ano Novo, proferido pelo Papa Bento XVI. Você poderá ler abaixo um artigo de Dom Odilo Scherer sobre o discursos e a integra da fala do Sumo Pontífice.
Há dogmas e princípios católicos que são discutíveis, mas com esta publicação não estamos colocando em discussão tais temas e nem tão pouco o catolicismo. Estamos colocando em evidência a visão do Papa Bento XVI em relação a paz. Portanto, é a forma com que a Igreja Católica, por meio de seu representante maior, vê a cultura de paz e não violência que deve ser analisada.

A paz começa em casa

Dom Odilo P. Scherer

"Na sua Mensagem para o “14º Dia Mundial da Paz”, no ano-novo, o papa Bento XVI abordou o tema da paz por um ângulo freqüentemente esquecido: “Família humana, comunidade de paz.” Os verdadeiros responsáveis pela paz e pela guerra não são arsenais ou máquinas, nem estruturas sociais e políticas, mas pessoas humanas. Delas dependem decisões e atitudes que podem desencadear injustiças, violências e guerras; elas também podem decidir pela preservação da segurança e da paz. Pessoas precisam ser preparadas e estimuladas para abraçarem a cultura da solidariedade e da paz.
O papa fala da importância da família natural para a promoção e a preservação da cultura da paz. De fato, a família é o espaço primário da “humanização” da pessoa e da sociedade; é onde se faz a experiência do amor gratuito e das relações de solidariedade e colaboração, de respeito e justiça; onde se exerce a autoridade como um serviço à pessoa. Na sua simplicidade e essencialidade, a vida familiar é o protótipo de todo o ordenamento social. A família é a primeira e principal educadora para a convivência social harmônica e para a paz; o respeito aos direitos humanos, à justiça e à dignidade de cada pessoa é aprendido desde a infância. O que não se aprende em família faz falta na convivência da grande comunidade humana.
Mas como pretender tanto da família, se ela própria está fragilizada e desprotegida? Como esperar tanto da família, onde ela, praticamente, foi dissolvida ou não existe? Como educar para a paz onde crianças convivem desde cedo com toda sorte de violência e experimentam na própria pele o desprezo pela dignidade humana? Como exigir das famílias serem a base de uma sociedade sadia, se elas próprias estão enfermas e sem amparo e, por diversos fatores, estão impedidas de assumir o seu papel educador das pessoas?
Onde o Estado desprotege a família ou faz vista grossa diante da sua progressiva desestruturação, ele chama a si a responsabilidade pelo cuidado das pessoas. Mas o Estado, com suas leis e seus serviços, por quanto sejam perfeitos, é uma estrutura sem alma e não tem afeto nem sentimentos; não é papai nem mamãe e não se desdobra em carinhos e compaixão pelos membros mais fracos e desprotegidos do corpo social, como as crianças, os doentes e os idosos. Isso compete à família. Com deveres tão delicados e de tão alta repercussão social, ela também é titular de direitos inalienáveis. A família precisa de garantias jurídicas específicas, de casa e emprego, do justo reconhecimento da responsabilidade dos pais, de escola para os filhos, assistência sanitária básica e seguridade social.
O artigo 16/3 da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma: “A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito a ser protegida pela sociedade e pelo Estado.” A restrição dos direitos da família se torna uma ameaça aos próprios alicerces da paz; e o combate à instituição familiar, ou o seu enfraquecimento, tem repercussões sobre a convivência da comunidade inteira, porque enfraquece aquela instituição que, de fato, deve sustentar a grande sociedade e é capaz de promover a cultura da paz.
Da família natural, o pontífice conclui para a grande família humana: para promover a paz, as comunidades local e nacional, como também para a convivência dos povos, devem inspirar-se nos valores que regem a comunidade familiar; apesar das diferenças de raça e cultura, os povos fazem parte de uma única família humana. O processo de globalização coloca sempre mais em evidência essa interdependência dos povos todos na promoção do bem comum e da paz. A humanidade tem a mesma origem e natureza; por isso também tende, bem mais que a uma simples boa vizinhança, a ser uma comunidade de irmãos, na solidariedade e colaboração efetiva e no respeito profundo pela dignidade de cada ser humano.
A grande família humana precisa reconhecer que a Terra é sua casa comum e seu patrimônio comum; o zelo para que ela possa servir a todos, e por muito tempo, deve orientar a luta contra toda forma de apropriação predatória e egoísta. O risco do colapso ambiental requer um grande senso de responsabilidade e de solidariedade da parte de todos os membros da grande família humana. É necessário um diálogo franco e sereno sobre o modelo atual de progresso, que demanda um consumo sempre mais elevado de energia e de recursos naturais não-renováveis. A organização econômica não pode ser regida somente pelas frias leis do lucro imediato, que podem revelar-se desumanas e perniciosas. A família humana precisa rever o seu balanço, pois, a longo prazo, é insustentável.
Cada família, para viver em paz, também precisa de uma norma comum para seus membros; se cada um segue a própria cabeça, o caos está feito e os conflitos são inevitáveis. O papa refere-se às normas comuns na grande família humana para refrear os egoísmos e individualismos e para proteger o direito dos mais fracos contra o arbítrio dos mais fortes. Infelizmente, na família dos povos, ainda há muitas situações em que povos fracos têm de se curvar ante a prepotência dos poderosos; isso não favorece a paz e representa um terreno fértil para o surgimento de novos conflitos.
O papa estimula, pois, a comunidade internacional a aperfeiçoar as normas de sua convivência e interação, no respeito pleno à lei moral, que decorre da natureza das coisas. Mas não bastam normas: é preciso prosseguir no diálogo jurídico para o aperfeiçoamento dos organismos internacionais e das legislações dos Estados, para que seja traduzido nelas o respeito aos direitos humanos fundamentais. Só quando o espírito das normas entra na cultura dos povos ficam garantidos a compreensão e o respeito entre todos os membros da grande família humana."
Dom Odilo P. Scherer é cardeal-arcebispo de São Paulo

Artigo publicado no Jornal O Estado de São Paulo - Edição de 12/01/2008
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Integra da Mensagem do Papa Bento XVI

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI PARA A CELEBRAÇÃO DO DIA MUNDIAL DA PAZ
1o DE JANEIRO DE 2008

FAMÍLIA HUMANA, COMUNIDADE DE PAZ

1. NO INÍCIO DE UM ANO NOVO, desejo fazer chegar meus ardentes votos de paz, acompanhados duma calorosa mensagem de esperança, aos homens e mulheres do mundo inteiro; faço-o, propondo à reflexão comum o tema com que abri esta mensagem e que me está particularmente a peito: Família humana, comunidade de paz. Com efeito, a primeira forma de comunhão entre pessoas é a que o amor suscita entre um homem e uma mulher decididos a unir-se estavelmente para construírem juntos uma nova família. Entretanto, os povos da terra também são chamados a instaurar entre si relações de solidariedade e colaboração, como convém em membros da única família humana: « Os homens – sentenciou o
Concílio Vaticano II – constituem todos uma só comunidade; todos têm a mesma origem, pois foi Deus quem fez habitar em toda a terra o inteiro género humano (Act 17, 26); têm também todos um só fim último, Deus ».(1)

Família, sociedade e paz

2. A família natural, enquanto comunhão íntima de vida e de amor fundada sobre o matrimónio entre um homem e uma mulher,(
2) constitui « o lugar primário da ‘‘humanização'' da pessoa e da sociedade »,(3) o « berço da vida e do amor ».(4) Por isso, a família é justamente designada como a primeira sociedade natural, « uma instituição divina colocada como fundamento da vida das pessoas, como protótipo de todo o ordenamento social ».(5)

3. Com efeito, numa vida familiar « sã » experimentam-se algumas componentes fundamentais da paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs, a função da autoridade manifestada pelos pais, o serviço carinhoso aos membros mais débeis porque pequenos, doentes ou idosos, a mútua ajuda nas necessidades da vida, a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário, perdoar-lhe. Por isso, a família é a primeira e insubstituível educadora para a paz. Não admira, pois, que a violência, quando perpetrada em família, seja sentida como particularmente intolerável. Deste modo, quando se diz que a família é « a primeira célula vital da sociedade »,(6) afirma-se algo de essencial. A família é fundamento da sociedade inclusivamente porque permite fazer decisivas experiências de paz. Devido a isso, a comunidade humana não pode prescindir do serviço que a família realiza. Onde poderá o ser humano em formação aprender melhor a apreciar o « sabor » genuíno da paz do que no « ninho » primordial que a natureza lhe prepara? A linguagem familiar usa um léxico de paz; aqui é necessário recorrer sempre para não perder o uso do vocabulário da paz. Na inflação das linguagens, a sociedade não pode perder a referência àquela « gramática » que cada criança aprende dos gestos e olhares da mãe e do pai, antes mesmo das suas palavras.

4. Uma vez que a família tem o dever de educar os seus membros, a mesma é titular de direitos específicos. A própria Declaração Universal dos Direitos Humanos, que constitui uma aquisição de civilização jurídica de valor verdadeiramente universal, afirma que « a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito a ser protegida pela sociedade e pelo Estado ».(7) Por seu lado, a Santa Sé quis reconhecer uma especial dignidade jurídica à família, publicando a Carta dos Direitos da Família. Lê-se no Preâmbulo: « Os direitos da pessoa, ainda que expressos como direitos do indivíduo, têm uma dimensão social fundamental, que encontra na família a sua expressão originária e vital ».(8) Os direitos enunciados na Carta são expressão e explicitação da lei natural, inscrita no coração do ser humano e que lhe é manifestada pela razão. A negação ou mesmo a restrição dos direitos da família, obscurecendo a verdade sobre o homem, ameaça os próprios alicerces da paz.

5. Deste modo quem, mesmo inconscientemente, combate o instituto familiar, debilita a paz na comunidade inteira, nacional e internacional, porque enfraquece aquela que é efectivamente a principal « agência » de paz. Este é um ponto que merece especial reflexão: tudo o que contribui para debilitar a família fundada sobre o matrimónio de um homem e uma mulher, aquilo que directa ou indirectamente refreia a sua abertura ao acolhimento responsável de uma nova vida, o que dificulta o seu direito de ser a primeira responsável pela educação dos filhos, constitui um impedimento objectivo no caminho da paz. A família tem necessidade da casa, do emprego ou do justo reconhecimento da actividade doméstica dos pais, da escola para os filhos, de assistência sanitária básica para todos. Quando a sociedade e a política não se empenham a ajudar a família nestes campos, privam-se de um recurso essencial ao serviço da paz. De forma particular os meios de comunicação social, pelas potencialidades educativas de que dispõem, têm uma responsabilidade especial de promover o respeito pela família, de ilustrar as suas expectativas e os seus direitos, de pôr em evidência a sua beleza.

A humanidade é uma grande família

6. A própria comunidade social, para viver em paz, é chamada a inspirar-se nos valores por que se rege a comunidade familiar. Isto vale tanto para as comunidades locais como nacionais; mais, vale para a própria comunidade dos povos, para a família humana que vive nesta casa comum que é a terra. Numa tal perspectiva, porém, não se pode esquecer que a família nasce do « sim » responsável e definitivo de um homem e de uma mulher e vive do « sim » consciente dos filhos que pouco a pouco entram a fazer parte dela. Para prosperar, a comunidade familiar tem necessidade do consenso generoso de todos os seus membros. É preciso que esta consciência se torne convicção partilhada também por quantos são chamados a formar a família humana comum. É necessário saber dizer o « sim » pessoal a esta vocação que Deus inscreveu na nossa própria natureza. Não vivemos uns ao lado dos outros por acaso; estamos percorrendo todos um mesmo caminho como homens e por isso como irmãos e irmãs. Desta forma, é essencial que cada um se empenhe por viver a própria vida em atitude de responsabilidade diante de Deus, reconhecendo n'Ele a fonte originária da existência própria e alheia. É subindo até este Princípio supremo que se pode perceber o valor incondicional de todo o ser humano, colocando as premissas para a edificação duma humanidade pacificada. Sem este Fundamento transcendente, a sociedade é apenas uma agregação de vizinhos, e não uma comunidade de irmãs e irmãos chamados a formar uma grande família.

Família, comunidade humana e ambiente

7. A família precisa duma casa, dum ambiente à sua medida onde tecer as próprias relações. No caso da família humana, esta casa é a terra, o ambiente que Deus criador nos deu para que o habitássemos com criatividade e responsabilidade. Devemos cuidar do ambiente: este foi confiado ao homem, para que o guarde e cultive com liberdade responsável, tendo sempre como critério orientador o bem de todos. Obviamente, o ser humano tem um primado de valor sobre toda a criação. Respeitar o ambiente não significa considerar a natureza material ou animal mais importante do que o homem; quer dizer antes não a considerar egoisticamente à completa disposição dos próprios interesses, porque as gerações futuras também têm o direito de beneficiar da criação, exprimindo nela a mesma liberdade responsável que reivindicamos para nós. Nem se hão-de esquecer os pobres, em muitos casos excluídos do destino universal dos bens da criação. Actualmente a humanidade teme pelo futuro equilíbrio ecológico. Será bom que as avaliações a este respeito se façam com prudência, no diálogo entre peritos e cientistas, sem acelerações ideológicas para conclusões apressadas e sobretudo pondo-se conjuntamente de acordo sobre um modelo de progresso sustentável, que garanta o bem-estar de todos no respeito dos equilíbrios ecológicos. Se a tutela do ambiente comporta os seus custos, estes devem ser distribuídos com justiça tendo em conta a disparidade de desenvolvimento dos vários países e a solidariedade com as futuras gerações. Prudência não significa deixar de assumir as próprias responsabilidades e adiar as decisões; significa antes assumir o empenho de decidir juntos depois de ter ponderado responsavelmente qual a estrada a percorrer, com o objectivo de reforçar aquela aliança entre ser humano e ambiente que deve ser espelho do amor criador de Deus, de Quem provimos e para Quem estamos a caminho.

8. A tal propósito, é fundamental « sentir » a terra como « nossa casa comum » e escolher, para uma gestão da mesma ao serviço de todos, a estrada do diálogo em vez de decisões unilaterais. Podem-se aumentar, se for necessário, os lugares institucionais a nível internacional, para se enfrentar conjuntamente o governo desta nossa « casa »; mas, o que mais conta é fazer maturar nas consciências a convicção da necessidade de colaborar responsavelmente. Os problemas que se desenham no horizonte são complexos e o tempo escasseia. Para fazer frente de maneira eficaz à situação, é preciso agir de comum acordo. Um âmbito onde seria particularmente necessário intensificar o diálogo entre as nações é o da gestão dos recursos energéticos do planeta. A tal respeito, uma dupla urgência preme sobre os países tecnologicamente avançados: é preciso, por um lado, rever os elevados níveis de consumo devido ao modelo actual de progresso e, por outro, providenciar adequados investimentos para a diferenciação das fontes de energia e o melhoramento da sua utilização. Os países emergentes sentem carência de energia, mas às vezes esta carência é remediada prejudicando os países pobres, que, pela insuficiência das suas infra-estruturas nomeadamente tecnológicas, se vêem obrigados a vender ao desbarato os recursos energéticos em seu poder. Às vezes a sua própria liberdade política é posta em discussão por formas de protectorado ou, em todo o caso, de condicionamento que resultam claramente humilhantes.

Família, comunidade humana e economia

9. Condição essencial para a paz nas famílias é que estas assentem sobre o alicerce firme de valores espirituais e éticos compartilhados. No entanto, é preciso acrescentar que a família experimenta autenticamente a paz quando a ninguém falta o necessário, e o património familiar – fruto do trabalho de alguns, da poupança de outros e da colaboração activa de todos – é bem gerido na solidariedade, sem excessos nem desperdício. Para a paz familiar, portanto, é necessária a abertura a um património transcendente de valores, mas, simultaneamente, há que não menosprezar a sapiente gestão quer dos bens materiais quer das relações entre as pessoas. O falimento desta componente tem como consequência a quebra da confiança recíproca devido às perspectivas incertas que passam a gravar sobre o futuro do núcleo familiar.

10. O mesmo se diga daquela grande família que é a humanidade no seu todo. De facto a família humana, que hoje aparece ainda mais interligada pelo fenómeno da globalização, além de um alicerce de valores compartilhados tem necessidade também de uma economia que corresponda verdadeiramente às exigências de um bem comum com dimensões planetárias. A referência à família natural revela-se, sob este ponto de vista também, singularmente sugestiva. Entre os indivíduos humanos e entre os povos, é preciso promover relações correctas e sinceras, que permitam a todos colaborarem num plano de paridade e justiça. Ao mesmo tempo, tem-se de trabalhar por uma sábia utilização dos recursos e uma equitativa distribuição da riqueza. De forma particular, as ajudas concedidas aos países pobres devem obedecer a critérios duma lógica económica sã, evitando desperdícios que no fim de contas resultam sobretudo do funcionamento de custosos aparelhos burocráticos. É preciso ter em devida conta também a exigência moral de fazer com que a organização económica não obedeça somente às duras leis do lucro imediato, que se podem revelar desumanas.

Família, comunidade humana e lei moral

11. Uma família vive em paz, se todos os seus componentes se sujeitam a uma norma comum: é esta que impede o individualismo egoísta e que mantém unidos os indivíduos, favorecendo a sua coexistência harmoniosa e laboriosidade para o fim comum. Tal critério, em si óbvio, vale também para as comunidades mais amplas: desde as locais passando pelas nacionais, até à própria comunidade internacional. Para se gozar de paz, há necessidade duma lei comum que ajude a liberdade a ser verdadeiramente tal, e não um arbítrio cego, e que proteja o fraco da prepotência do mais forte. Na família dos povos, verificam-se muitos comportamentos arbitrários, seja dentro dos diversos Estados seja nas relações destes entre si. Além disso, não faltam situações em que o fraco tem de inclinar a cabeça não frente às exigências da justiça mas à força nua e crua de quem possui mais meios do que ele. É preciso repeti-lo: a força há-de ser sempre disciplinada pela lei, e isto mesmo deve acontecer também nas relações entre Estados soberanos.

12. Sobre a natureza e a função da lei, já muitas vezes se pronunciou a Igreja: a norma jurídica que regula as relações das pessoas entre si, disciplinando os comportamentos externos e prevendo também sanções para os transgressores, tem como critério a norma moral assente na natureza das coisas. A razão humana, por sua vez, é capaz de discerni-la, pelo menos nas suas exigências fundamentais, subindo assim até à Razão criadora de Deus que está na origem de todas as coisas. Esta norma moral deve regular as opções das consciências e guiar todos os comportamentos dos seres humanos. Existirão normas jurídicas para as relações entre as nações que formam a família humana? E, se existem, serão operativas? Eis a resposta: sim, as normas existem, mas para fazer com que sejam verdadeiramente operativas é preciso subir até à norma moral natural como base da norma jurídica; de contrário, esta fica à mercê de frágeis e provisórios consensos.

13. O conhecimento da norma moral natural não está vedado ao homem que entre em si mesmo e, tendo diante dos olhos o próprio destino, se interrogue sobre a lógica interna das mais profundas inclinações presentes no seu ser. Embora com perplexidades e incertezas, ele pode chegar a descobrir, pelo menos nas suas linhas essenciais, esta lei moral comum que, independentemente das diferenças culturais, permite aos seres humanos entenderem-se entre si quanto aos aspectos mais importantes do bem e do mal, do justo e do injusto. É imprescindível subir até esta lei fundamental, empenhando nesta pesquisa as nossas melhores energias intelectuais sem deixar-se desanimar por equívocos nem confusões. Com efeito, valores radicados na lei natural estão presentes, ainda que de forma fragmentária e nem sempre coerente, nos acordos internacionais, nas formas de autoridade universalmente reconhecidas, nos princípios do direito humanitário recebido nas legislações dos diversos Estados ou nos estatutos dos organismos internacionais. A humanidade não está « sem lei ». É urgente, porém, prosseguir o diálogo sobre estes temas, favorecendo a convergência das próprias legislações dos diversos Estados sobre o reconhecimento dos direitos humanos fundamentais. O crescimento da cultura jurídica no mundo depende, para além do mais, do esforço de tornar as normas internacionais sempre substanciosas de conteúdo profundamente humano, para evitar a sua redução a procedimentos facilmente contornáveis por motivos egoístas ou ideológicos.

Superação dos conflitos e desarmamento

14. A humanidade vive hoje, infelizmente, grandes divisões e fortes conflitos que lançam densas sombras sobre o seu futuro. Temos vastas áreas do planeta envolvidas em tensões crescentes, enquanto o perigo de se multiplicarem os países detentores de armas nucleares cria motivadas apreensões em toda a pessoa responsável. Há ainda muitas guerras civis no continente africano, embora também se tenham registado em vários dos seus países progressos na liberdade e na democracia. O Médio Oriente continua a ser teatro de conflitos e atentados, que não deixam de influenciar nações e regiões limítrofes com o risco de arrastá-las na espiral da violência. A nível mais geral, há que registar, com tristeza, um número maior de Estados envolvidos na corrida aos armamentos: temos até nações em vias de desenvolvimento que destinam uma quota importante do seu magro produto interno para a compra de armas. Neste funesto comércio, são muitas as responsabilidades: há os países do mundo industrialmente desenvolvido que arrecadam avultados lucros da venda de armas e temos as oligarquias reinantes em muitos países pobres que pretendem reforçar a sua posição com a aquisição de armas cada vez mais sofisticadas. Em tempos tão difíceis, é verdadeiramente necessária a mobilização de todas as pessoas de boa vontade para se encontrar acordos concretos que visem uma eficaz desmilitarização, sobretudo no campo das armas nucleares. Nesta fase em que o processo de não proliferação nuclear marca passo, sinto-me no dever de exortar as Autoridades a retomarem, com mais firme determinação, as conversações em ordem ao desmantelamento progressivo e concordado das armas nucleares existentes. Ao renovar este apelo, sei que dou voz a um desejo compartilhado por quantos têm a peito o futuro da humanidade.

15. Há sessenta anos, a Organização das Nações Unidas tornava pública, de maneira solene, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948-2008). Com tal documento, a família humana reagia aos horrores da II Guerra Mundial, reconhecendo a sua própria unidade assente na igual dignidade de todos os homens e pondo, no centro da convivência humana, o respeito pelos direitos fundamentais dos indivíduos e dos povos: tratou-se de um passo decisivo no árduo e empenhativo caminho da concórdia e da paz. Merece também menção especial a passagem do 25º aniversário da adopção pela Santa Sé da Carta dos Direitos da Família (1983-2008), bem como o 40º aniversário da celebração do primeiro
Dia Mundial da Paz (1968-2008). Fruto duma providencial intuição do Papa Paulo VI, retomada com grande convicção pelo meu amado e venerado predecessor, Papa João Paulo II, a celebração deste Dia proporcionou ao longo dos anos a possibilidade de a Igreja desenvolver, através das Mensagens publicadas para tal circunstância, uma doutrina elucidativa em defesa deste bem humano fundamental. É precisamente à luz de tais significativas comemorações que convido todo o homem e toda a mulher a tomarem consciência mais lúcida da sua pertença comum à única família humana e a empenharem-se por que a convivência sobre a terra espelhe cada vez mais esta convicção da qual depende a instauração de uma paz verdadeira e duradoura. Em seguida, convido os crentes a implorarem de Deus, sem se cansar, o grande dom da paz. Os cristãos, por seu lado, sabem que podem confiar-se à intercessão d'Aquela que, sendo Mãe do Filho de Deus encarnado para a salvação da humanidade inteira, é Mãe comum.
A todos desejo um Ano Novo feliz!
Vaticano, 8 de Dezembro de 2007.

BENEDICTUS PP. XVI
(
1) Decl. sobre a Igreja e as religiões não-cristãs Nostra ætate, 1.
(
2) Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 48.
(
3) João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Christifideles laici, 40: AAS 81 (1989), 469.
(
4) Ibid., 40: o.c., 469.
(
5) Pont. Cons. «Justiça e Paz», Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 211.
(
6) Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre o apostolado dos leigos Apostolicam actuositatem, 11.
(
7) Art. 16/3.
(
8) Pont. Cons. para a Família, Carta dos Direitos da Família (24 de Novembro de 1983), Preâmbulo/A.

© Copyright 2007 - Libreria Editrice Vaticana


Extraído do Site da CNBB - http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/peace/documents/hf_ben-xvi_mes_20071208_xli-world-day-peace_po.html

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