quarta-feira, janeiro 20, 2010

2010 – Tragédia – Perplexidade – Solidariedade

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Primeiros dias de 2010... Ano Novo... Sentimentos e comportamentos antigos, para não dizer ambíguos.
Noite de Réveillon, quanta expectativa. Canais de televisão do mundo inteiro disputam as melhores imagens das festas ao redor do planeta. Pessoas se reúnem em risos e alegria, se extasiam diante das queimas de fogos. A Terra é mostrada como sendo o paraíso, e não há quem não esteja convicto disso. No planeta redondo a felicidade está em todos os cantos. Que cidade promoverá a melhor e a maior festa? Em que câmera estará o melhor ângulo? E nos hospitais a expectativa pelo nascimento da primeira criança do ano.
- Ainda bem que o Ano Novo é uma semana depois do Natal. Se não fosse assim cegonhas e Papai Noel poderiam colidir no céu.
O dia amanhece... Sonhos tornam-se pesadelos. E as imagens que agora são vistas na televisão de longe parecem s
er daquele mesmo paraíso. As tragédias da vida enchem as telas. O êxtase vira perplexidade. Olhares incrédulos. Os risos transformam-se em gritos. Os choros de alegria agora são prantos de dor. O Brasil dirige o foco para si mesmo diante dos desastres ambientais de Angra dos Reis e São Luiz do Paraitinga.
E a doméstica disputa televisa prossegue. Que canal conseguirá mostrar as “melhores” imagens daqueles piores momentos?
As pessoas voltam a se reunir. Algumas para acudir, e milhares para assistir. A população se solidariza e contribui como pode para tentar amenizar o sofrimento das pessoas atingidas pela catástrofe.
Passados estes momentos sempre há quem diga:
- Nada como o tempo para curar feridas!
Então o relógio avança... e os dias se sucedem. Porém a Terra se sacode e um país é sucumbido. E o que já era ruim ficou ainda pior. O Haiti, cuja capital poderia levar aos contos de fadas, afinal é Porto Príncipe (sem nunca ter sido) agora é realmente um sapo. E desta vez não só o Brasil, o mundo também para diante da tragédia. O espetáculo televiso prossegue. E como na noite de Ano Novo, as tvs brasileiras voltam a se juntam às tvs do mundo inteiro na busca por conseguir o “melhor” de um acontecimento funesto.Trabalho incansável para o controle remoto que fica nas mãos do expectador imóvel.
No entanto, nem todos são meros expectadores. Mantidas as proporções entre as tragédias (a brasileira e a
haitiana), agora centenas se juntam para ajudar milhares enquanto milhões, ou melhor, bilhões irão assistir.
Não é nenhuma crítica à consternação do povo e nem tão pouco insensibilidade diante das tragédias. É só uma crítica à maneira desumana de se encarar a humanidade.
Ajude o Haiti, mas não se esqueça que “o Haiti é aqui” conforme dizem Caetano Veloso e Gilberto Gil, na música Haiti. E como é. Alguns de nossos soldados ficaram feridos e morreram lá. E a brasileira Zilda Arns também morreu enquanto ensinava haitianos a viver.
E este início de 2010 mostra que a vida passa além da tv, e que diante da perplexidade e da tragédia, por conta das quais brota a solidariedade, também existe a esperança. E, por ser a “esperança a última que morre”, não seja apenas expectador e se transforme em um ponto na audiência da tv, ainda é possível agir pela sobrevivência da humanidade.

Então assista ao vídeo publicado originalmente no Youtube




E é possível ajudar ao Haiti e ao Brasil sem sair casa segundo a ONG Voluntários On Line. Clique aqui

No site você também encontra maneiras de ajudar o Brasil usando a rede mundial de computadores para isto.

Mexa-se!