terça-feira, setembro 23, 2008

"A verdadeira riqueza de um homem é o bem que ele faz ao seu semelhante."
Frase de Mahatma Gandhi.

Publicação especial pelos Dias Municipal (em Cândido Mota) e Internacional da Paz.
O primeiro foi comemorado no dia 20 de setembro e ou segundo no dia 21 de setembro.
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Quando se fala de paz pensamos logo no oposto à guerra. E de imediato dizemos que se não há guerra há paz, ou se há guerra não há a paz. Mas não é pura e simplesmente isso. A paz vai muito além da simples ausência de um conflito armado. A paz pode ser um estado de espírito. Se você tem algum problema para resolver e não consegue encontrar a solução você entra em situação de conflito pessoal, portanto não está em paz consigo mesmo. E muitas das vezes, por não estar bem você acaba agredindo de alguma forma seus familiares e amigos, ou até mesmo algum desconhecido. Por exemplo, você tem problemas no trabalho, chega em casa e a família quer sua atenção e você já logo se irrita e acaba agredindo verbal, moral ou até fisicamente seus familiares. Também pode ser alguém próximo a você que tenha problemas, e este alguém tira a sua paz, pois os problemas desse alguém de alguma forma te afeta. Por exemplo, há na sua rua, no seu bairro, na sua cidade, um consumidor de drogas e que não tem recursos financeiros para satisfazer seu vício, e esse alguém resolve assaltar sua casa e as da vizinhança ou cometer assaltos nas ruas, esse alguém tirou a sua paz. Um outro exemplo está ligado ao meio ambiente, como por exemplo se você deixa água limpa acumulada no quintal você está contribuindo para o aparecimento do mosquito transmissor da dengue, e por conta do risco de contaminação você também não estará em paz, e ainda colocará os outros em estado de alerta. Então, a paz está em nossas ações em relação a nós mesmos, aos nossos semelhantes e ao meio em que vivemos.

Antes de continuar veja um clip publicado originalmente no Youtube, no qual Nando Cordel canta "Paz Pela Paz"



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As relações humanas são complexas e por si só geram conflitos, afinal há interesses diversos em jogo. A forma de resolver tais conflitos é que nos faz viver ou não em paz. É aí que entra a cultura de paz e não violência, que é a procura de uma maneira pacífica de se enfrentar e solucionar os problemas. No entanto para isso aconteça é preciso que você tenha a consciência sobre o seu próprio eu. Num de seus sermões, ‘As Três Dimensões de Um Vida Completa’, o líder negro norte americano, pastor da Igreja Batista, e seguidor de Mahatma Gandhi, Martin Luther King, fez uma comparação entre um filme em 3 dimensões e a vida. King disse que a vida também pode ser vista em 3 dimensões, que seriam comprimento, largura e altura. Baseado no ensinamento do Rabino Joshua Leibman, no livro “Paz de Espírito” no qual afirma que ‘antes de poder amar ao próximo satisfatoriamente é preciso amar a si mesmo de forma adequada”, King concluiu que o comprimento seria então, amar a si mesmo. Amar a si mesmo não é sentir ou posar de ‘o melhor’, amar a si mesmo é aceitar e encarar os seus defeitos e é preciso que se aceite por completo. Não tenha vergonha do que você é, e que Martin Luther King ilustra assim: “mesmo que seja seu destino ser um varredor de rua, vá até lá e varra as ruas como Michelangelo pintava; varra as ruas como Handel e Beethoven compunham música; varra as ruas como Shakespeare escrevia poesia; varra as ruas tão bem a ponto das hostes angélicas e terrenas serem obrigadas a parar e dizer: “Aqui viveu um grande varredor de rua que fazia um trabalho muito bem feito”.
Está dimensão da vida, o comprimento, não significa ser egoísta julgar-se superior aos outros. E para não ser egoísta é preciso ter a segunda dimensão, que é a largura. E a largura significa o que se faz em favor do próximo, mas o que se faz se preocupando com o próximo e não se preocupando com o possível retorno que você terá agindo assim. E largura se completa no momento que você se aceita como alguém que só vive e sobrevive porque depende dos outros. Na cartilha "Paz como Se Faz", Lia Dinski e Laura Gorresio Roizman, mostram o oposto do egoísmo, ou seja a solidariedade e a largura que Luther King se referiu. As autoras dizem “A solidariedade nos diz: pertencemos a um conjunto, a um todo. Somos um corpo único, onde cada parte sustenta a outra. Essa consciência nos faz pertencer à coletividade. O que acontece a alguém, de alguma forma, acontece conosco ou se reflete na nossa vida. Daí surge o significado de solidariedade: sentimento que leva os seres humanos a se auxiliarem mutuamente, partilhando a dor com o outro ou se propondo a agir para atenuá-la. A solidariedade nos distancia da angústia, do isolamento, e nos transporta para o aconchego do convívio... A solidariedade é a magia que nos faz pertencer a uma sociedade e não a uma multidão de vidas desagregadas. Queiramos ou não, temos os mesmos interesses, traçamos em conjunto a mesma história.”
Já a terceira dimensão, que é a altura, você a obtém quando não faz do materialismo seu modo e motivo de vida. A altura nada mais do que o quanto você se envolve com Deus. Luther King cita Deus, que é esse Deus que nossa sociedade, ou boa parte dela cultua e aceita como uma força superior. Em outras culturas Deus não é visto da mesma forma que é visto e cultuado por nós. Os Deuses variam tanto quanto varia cada povo em cada canto do Planeta. Apesar de variar assim, todos os chamados Deuses são seres superiores, dotados de sabedoria e força superior a nós, meros mortais. Não negue ou renegue os Deuses de outras ou religiões, respeite-os.
E Luther King conclui seu sermão dizendo “Quando estas três dimensões estiverem funcionando em conjunto, você só fará aos outros aquilo que gostaria que fizessem a você. Quando isto acontecer, você perceberá que de um sangue Deus fez todos os homens para habitarem, juntos, a face da terra.”

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E já que tocamos na questão de raça vamos aproveitar para falarmos do racismo e de outros preconceitos, um dos ingredientes importantes para a geração de conflitos. Para iniciar vamos relembrar o que disse Luther King no sermão "As Três Dimensões de Uma Vida Completa", com relação a segunda dimensão que é a largura, dimensão na qual você se preocupa com o próximo. Então vamos pensar no seguinte, para se preocupar com o próximo é preciso amar a ele como a se a si mesmo, e para isso é preciso aceitar o próximo como ele é, sem o menor preconceito. E o preconceito é um grande problema cultural mundial. Há preconceitos dos mais diversos, de sexo, de cor, de religião, de posição social, de regiões de um mesmo país, entre países, entre continentes e aí por diante, ou seja, suas características e seu modo ser, ou aquilo que você é, torna-se motivo chacota ou de exclusão para parte de uma determinada população. Aquele que exclui seu semelhante, o agredi, e o que é excluído pode acabar agredindo aquele que o exclui, numa tentativa de fazer com que sua diferença seja compreendida e aceita. Acabar com o preconceito, é uma forma de se encontrar a paz social. Somos semelhantes, não iguais, e assim sendo, somos diferentes. O líder sul-africano, Nelson Mandela, outro ícone mundial na luta contra o racismo disse: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."
Fonte Imagem: http://www.freewebs.com/vrstefanello/familia.jpg
Falamos antes sobre o ensinamento às crianças. A família é a primeira referência que a criança tem com relação ao convívio social. È na família que a criança tem sua referência de mundo. A família é a raiz dela. Nossas famílias estão experimentando mudanças profundas. Segundo pesquisas oficiais, em 2006, cerca de 18 milhões de meio de lares brasileiros eram comandados por mulheres. Isso leva a mudança na idéia que se tem de família, formada pelas figuras paterna e materna e pelos filhos e agregados. Nos lares comandados por mulheres, boa parte dos filhos sente a ausência da figura paterna. Elas não têm uma referência do masculino. Mas isso não significa que nas famílias consideradas tradicionais as coisas sejam melhores. Há casos de pais ausentes, de mães submissas, de pais e mães negligentes, superprotetores, liberais, o que também causa um desajuste familiar. Nem tanto pela inversão ou mudança de papéis dentro das famílias, mas sim pela perda de valores cívicos e morais, pela baixa auto-estima, pela falta de oportunidades e até pela acomodação ou movida pela vontade de levar vantagem em tudo. A família desajustada é motivo de violência. Em seu pronunciamento para o Ano Novo, agora em janeiro de 2008, o Papa Bento XVI escreveu “Com efeito, numa vida familiar « sã » experimentam-se algumas componentes fundamentais da paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs, a função da autoridade manifestada pelos pais, o serviço carinhoso aos membros mais débeis porque pequenos, doentes ou idosos, a mútua ajuda nas necessidades da vida, a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário, perdoar-lhe. Por isso, a família é a primeira e insubstituível educadora para a paz. Não admira, pois, que a violência, quando perpetrada em família, seja sentida como particularmente intolerável. Deste modo, quando se diz que a família é « a primeira célula vital da sociedade », afirma-se algo de essencial. A família é fundamento da sociedade inclusivamente porque permite fazer decisivas experiências de paz. Devido a isso, a comunidade humana não pode prescindir do serviço que a família realiza. Onde poderá o ser humano em formação aprender melhor a apreciar o « sabor » genuíno da paz do que no « ninho » primordial que a natureza lhe prepara?”, indaga Bento XVI.
Ao sair da vida familiar parte se para o convívio em sociedade e não importa em que lugar do Planeta seja, para que haja harmonia é preciso seguir regras, leis, respeitar ao próximo, saber dos seus limites, saber dos seus direitos e uma coisa que está sendo esquecida: quais são os seus deveres. Mas a perda de valores dentro das famílias tem reflexo direto na sociedade onde os conflitos se multiplicam e tomam caminhos muitas das vezes sem volta. Em seu blog “Digestivo Cultural”, Luis Eduardo Matta, escreveu “Gentileza converteu-se em sinônimo de fraqueza, carência ou subserviência; ou seja: é gentil aquele que não tem segurança suficiente e necessita desesperadamente de aprovação social. Noção de coletividade, de pertencer a um meio onde os direitos dos demais devem ser observados, virou uma metáfora risível. Ética tornou-se algo tão ultrapassado e sem espaço no mundo moderno, que as pessoas nem sequer sabem o que significa. A grosseria, a intolerância, o egocentrismo, a impaciência e a prepotência passaram a dar o tom no dia-a-dia da sociedade e foram de tal maneira assimilados, que hoje o conceito de "normalidade" (seja lá o que isso queira dizer) não pode prescindir, dependendo do ponto de vista, de, pelo menos, três destes itens reunidos.”
Isso está fazendo com que a vida perca seu valor e a violência seja banalizada. Dalmo de Abreu Dallari, numa de suas palestras referiu-se a isso da seguinte maneira: “ A vida é necessária para que uma pessoa exista. Todos os bens de uma pessoa, o dinheiro e as coisas que ela acumulou, seu prestigio político, seu poder militar; o cargo que ela ocupa, sua importância na sociedade, até mesmo seus direitos, tudo isso deixa de ser importante quando acaba a vida. Tudo o que uma pessoa tem perde o valor, deixa de ter sentido, quando ela perde a vida. Por isso pode-se dizer que a vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral de todos os seres humanos.” E continua Dallari, é preciso ter em conta que a repetição de crimes contra a vida pode gerar a idéia de que a vida não é um bem muito importante, e com isso todas as vidas passam a ser menos respeitadas.”
Isso está fácil de se constatar no cotidiano, são crimes cada vez absurdos, são exemplos de violência doméstica, de pedofilia, de violência urbana. E cada crime de maior repercussão o país pára, se diz estarrecido, clama por Justiça e por Paz, e diz que alguém tem de fazer alguma. Comece então a reação por você mesmo. Faça alguma coisa, aja em favor de uma convivência pacífica. Quem realmente quer, faz. Mas isso não impede que você lute por seus sonhos e projetos, que você viva a sua individualidade, exige apenas que você respeite o próximo da mesma forma com que você gostaria que o próximo te respeitasse. Isto é ser cidadão, e assim se vive em paz.

Fonte imagem: http://www.canalkids.com.br/meioambiente/sos/imagens/poluicao.gif
Mas a vida e sua sustentabilidade não significa somente respeito ao próximo, ela também depende do meio ambiente. Vida saudável só é possível com respeito ao meio ambiente. E o meio ambiente é a apenas o que chamamos de natureza, é todo o ambiente em que você vive e se relaciona. Jogar lixo na rua, na calçada ou nos corredores, desrespeitar as regras de trânsito, pichar muros e paredes, desperdiçar água, desmatar ou derrubar uma única árvore, aprisionar animais silvestres, despejar esgoto e dejetos nos córregos, rios, lagos, lagoas e represas e no mar, fazer queimadas, usar indiscriminadamente agrotóxicos, ou seja poluir e destruir o ambiente também é violência. A destruição do meio ambiente também pode gerar violência. Vamos ao exemplo do aquecimento global que deve reduzir as reservas de água potável no mundo inteiro, e sem água não há vida. Então o que hoje vemos com relação ao petróleo, podemos em breve ver com a relação em água. As mudanças no clima também devem fazer reduzir a produção de alimentos, e a fome gera violência. Com o clima se tornando mais agressivo a tendência é das pessoas que moram nos locais afetados buscarem outros espaços, que com certeza estarão ocupados, e a busca pelo espaço também gera violência. No documentário ‘Uma Verdade Inconveniente” o norte-americano Al Gore, mostra como era, está e deverá ficar a Terra por conta do aquecimento global. Procure assistí-lo, e você verá que o aquecimento global é uma verdade por mais inconveniente que possa parecer ou ser.
E, então já parou para pensar no que será deste planeta daqui pra frente. E cada um nós tem e terá responsabilidade sobre isso.

Nesta publicação especial pelo Dia Municipal da Paz em Cândido Mota, que foi comemorado em 20/09, e pelo Dia Internacional da Paz que comemorado mundialmente em 21/09, foi possível dar uma idéia, mesmo que em linhas gerais, que a paz começa em você, de você vai para os outros e de todos para o ambiente, e destes retornam para você. È claro que a paz em sua plenitude é utópica, mas é preciso que haja o mínimo de respeito a você mesmo, ao próximo e ao meio ambiente para o direito a vida, um direito básico e elementar, seja cumprido. Uma vida pacífica não significa uma vida de submissão e repressão, significa uma vida de consciência e responsabilidade. Pierre Wiel, fundador da UNIPAZ, tomou como base para seu trabalho a parábola do beija-flor, que é mais ou menos assim:
Num certo dia, na floresta, houve um incêndio, e o fogo logo foi destruindo tudo e então os animais partiram em fuga. Em determinado momento todos viram um beija-flor que ia para o rio, enchia seu bico com água e jogava sobre o fogo. Os outros bichos então disseram ao beija-flor:
- Pára com isso, você não está vendo que não conseguirá apagar o fogo sozinho.

E o beija-flor então respondeu:
- Sei que sozinho não conseguirei, mas estou fazendo a minha parte.

Agradecimentos:
Rádio Voz do Vale, Jornais O Diário do Vale e Atenção, Prefeitura e Câmara Municipais de Cândido Mota, escolas públicas e particulares de Cândido Mota, empresas, entidades e amigos que colaboraram até o presente momento para que mesmo de maneira informal o Projeto Chance à Paz seja gerado.


Dia Municipal da Paz - Um Dia Para Refletir
Vivemos como queremos?

Hoje, 20 de setembro, é o “Dia Municipal da Paz”. A data foi criada no ano passado por nossa sugestão dentro do Projeto Chance à Paz – Cultura de Paz e Não Violência. O executivo e o legislativo municipais se empenharam em aprovar o projeto e a data também marcou a realização do Primeiro Festival Primavera de Paz. O I Festival contou com a participação de alunos das escolas das redes públicas e privadas que apresentaram números artísticos com temas voltados à cultura de paz e não violência e ao meio ambiente. As apresentações foram na escadaria da Igreja Matriz.
Lamento, mas agora em 2008 não foi possível apresentar uma segunda edição do festival, mas nem por isso a data ficou esquecida. Sugiro então que você se reúna com seus amigos, seus vizinhos, seus parentes, ou se preferir faça um exame de consciência, para uma análise sobre a realidade atual no que tange ao convívio social e ao respeito à natureza.
Tente encontrar as razões que nos levam para um cenário de violência crescente, e assim apontar uma solução. Vale lembrar que o problema e a solução podem estar dentro de cada um de nós, caso seja tomada como base uma das frases do indiano Mahatma Gandhi (1869-1948) que é: “Nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo”. “Esta frase resume muito bem a responsabilidade de cada um de nós na construção de um mundo melhor. Porém, a grande maioria deseja, mas apenas deseja, e não age em favor da paz e da não-violência. Enquanto não deixarmos o egoísmo de lado e pararmos de delegar aos outros a responsabilidade pela construção de um mundo livre e igualitário, cenas estarrecedoras de violência serão vistas infinitas vezes”.
Blog Chance à Paz
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