quinta-feira, dezembro 27, 2007

A não violência não é uma qualidade a ser desenvolvida ou expressa sob encomenda. É um crescimento interno cuja subsistência depende de intenso esforço individual.

Frase de Mahatma Gandhi

2007 vai embora. Leva com ele cinzas, lágrimas e alegrias. Talvez deixe saudades, mas também deixa lições. E estas lições não devem ser esquecidas, sejam elas boas ou ruins... pois uma mostra o caminho a seguir e a outra mostra os erros que não devem se repetir.
Mas será que é assim mesmo?

Este é desejo... a cada ano que termina os desejos são os mesmos. E por os desejos serem os mesmos pode ser sinal de que, no decorrer do ano que termina, não conseguimos realizar os desejos anunciados quando de seu início.
Sempre pedimos e desejamos um ano cheio paz, alegria e realizações. É o que todo mundo quer... Mas será que é o que se procura realizar durante o ano?

Bem provável que não.
Pegue os números relativos a violência como: furtos, roubos, latrocínios, homicídios, seqüestros, acidentes nas rodovias, que por sinal tivemos o Natal mais violento de todos os tempos em nossas estradas federais, segundo dados da Policia Rodoviária Federal. E dizem que Natal é tempo de paz... menos para os que pegam as estradas, pelo jeito.
Partindo deste exemplo podemos avançar na influência que temos cada um na vida dos outros.
O motorista que exagera na velocidade, que dirige embriagado e desrespeita a lei de trânsito, além de pôr em risco sua própria vida põe em risco a vida de inocentes, ou seja, de pessoas, que sabem que o veículo pode se transformar em arma e por isso o conduz de maneira responsável e segura.
O trânsito é portanto um reflexo da educação, ou falta dela.
Vamos supor que o carro seja a vida. Se nós abusamos do carro, nós abusamos da vida.
Se nós conduzimos o carro com egoísmo, julgando que a estrada é só nossa e que os outros que saiam do caminho, com certeza a nossa vida também é conduzida da mesma forma. Não respeitamos o próximo, e ele, pra nós significa apenas e tão somente um entrave, um empecilho, alguém que precisa ser vencido a qualquer custo. Até que num determinado momento o choque é inevitável. Se for na estrada chamamos de acidente, e se for no cotidiano chamamos de desentendimento ou conflito, e para outros trata-se de desinteligência.
É claro que, eventos externos e imprevistos também contribuem para isso, mas na grande maioria das vezes, nossas próprias ações nos levam para uma situação de risco para nós mesmos e para terceiros.
Mudar este panorama só é possível com uma mudança de comportamento, e tal mudança, depende da vontade de cada um de nós. Se, dizemos que queremos um mundo melhor, mas nada fazemos para que assim seja, nada irá acontecer.
O mesmo é com relação aos desejos de ano novo... se apenas desejamos mas não agimos nada irá acontecer, e tudo tende a piorar. E isso nos transforma apenas em meros expectadores da vida que passa e não tem volta.

Por que desejamos e ao mesmo tempo delegamos aos outros a responsabilidade pela realização de tais desejos? Pode ser que agindo assim nos sentimos com um peso a menos de consciência, afinal nós desejamos, os outros é que não fazem por onde. Ou ainda por egoísmo mesmo ou até por incapacidade ou falta de motivação para a vida.
E é aí que o Chance à Paz e outras entidades que lidam com a cultura de paz e não violência entram em ação. É mostrar para as pessoas que a mudança é possível, desde que a iniciemos por nós mesmos. Não nos importemos se os outros não estão fazendo, façamos a nossa parte e aí de grão em grão, de gota em gota, de exemplo em exemplo a consciência dos outros também começa a mudar.

Um exemplo mundial de mudança de comportamento é o consumo do tabaco. O que há 20 anos atrás era considerado chique e símbolo de status agora é visto como desrespeito ao próximo e símbolo de falta de amor próprio, porque fumar faz mal a saúde. Já é um começo e um exemplo bem sucedido. Agora é preciso estender o mesmo princípio ao álcool e às drogas ilícitas.
É comum se ver avisos de 'Proibido Fumar', no entanto aviso de é proibido o consumo de bebida alcoólica, de cocaína, de crack, de haxixe, de ecstasy, de cola de sapateiro, entre outras coisas praticamente não se vê.

É verdade que as produtoras de bebidas alcoólicas, especialmente as cervejarias, fazem o alerta que é preciso consumir o produto com moderação, no entanto, ao mesmo tempo passam a idéia de que quem bebe tem uma vida mais feliz, conquista amigos e as mulheres mais lindas do pedaço se rendem aos que consomem esta ou aquela marca de cerveja. Então uma coisa acaba invalidando a outra.
Outra coisa... Depositamos nas crianças a esperança e damos a ela o símbolo da possibilidade de um futuro melhor. Mas será que na prática é o que fazemos?
Na maioria das vezes não.
Como podem as crianças de hoje construírem um mundo melhor se elas se espelham em exemplos, e muitos dos exemplos que elas têm são maus exemplos?
Como pode uma criança vir a respeitar o próximo quando adulta se ela enquanto nesta fase da vida só vê desrespeito, descrença, ódio e preconceitos como exemplos?
Para muitas falta o básico, que é o amor de pai e mãe. E o amor de pai e mãe não pode ser substituído por "peça que eu te dou”, como forma de compensar a ausência materna ou paterna no dia-a-dia.

E assim como os desejos, os quais esperamos que os outros realizem, pais e mães esperam que a escola, principalmente, faça o papel que lhes cabem na educação de seus filhos. Porém como pode a escola ensinar companheirismo, respeito, lealdade, moral, civismo se tais crianças não vivenciam em casa tais exemplos?
A criança e o mundo só terão bom futuro se tiverem um bom presente. Não se pode colher bondade de onde se planta maldade, não é mesmo?
Então como queremos um ano novo, se dentro nós tudo continua velho?

Como queremos um mundo melhor se continuamos a ser ruins?
Não é fácil mudar, eu sei. Também sei que é isso demanda tempo, e também sei que mudar o mundo não se trata de utopia. Mudar o mundo depende de vontade e de ação.
Vamos então nos renovar por dentro e agir, e só assim teremos um ano novo, uma década nova, um século novo, um mundo novo e melhor. Porém pra que isso aconteça é precisa ser dada a largada. Compreenda que se somos responsáveis pelo lado ruim da vida, também somos responsáveis pelo que há de bom na vida.
A mudança de depende de um exercício diário e incessante.
E ter um mundo melhor não significa simplesmente deixar de prejudicar os outros, significa também compartilhar e deixar de ser indiferente aos que nos cercam. Afinal a nossa atitude reflete nos outros, pois somos interdependentes. E aceitarmos e compreendermos a interdependência é um fator preponderante para sermos realmente alguém importante nesta vida.
Lembre-se que valemos pelo que somos e não pelo que possuímos.
Aproveite a oportunidade e tenha e um Feliz Ano Novo, repleto de paz e realizações.
(Texto de Silvio Luís de Carvalho)

Você pode acessar esta mensagem em áudio. Ela está acompanhada de algumas músicas. Trata-se do nosso Podcast Chance à Paz Especial de Ano Novo.
clique em http://www.podcast1.com.br/canal.php?codigo_canal=409, acesse o Programa de número 68. Também há outros disponíveis como o Especial de Natal, por exemplo.

Blog Chance à Paz
Criação, redação, edição, publicação e responsabilidade:
Silvio Luís
Assis/SP
e-mail: chanceapaz@bol.com.br
VIVA A PAZ!!! VIVA EM PAZ!!!
FELIZ ANO NOVO!!!! (mas para isso é preciso que você também se renove.)

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